Talvez o momento em que os homens tenham mais poder de decisão ao longo da gravidez de suas esposas, seja na hora da escolha do carrinho de bebê. Parece incrível, mas acho que todos os sonhos masculinos em relação aos carros de verdade são transferidos e projetados para o veículo que transportará seus herdeiros…Eu certamente dediquei mais tempo ao “test drive” comparativo entre os 2 modelos de carrinhos finalistas, do que quando comprei o meu último carro de carne e osso (ou de lata, para ser mais literal). Senti falta de uma revista tipo “4 Rodas” para carrinhos de bebê, com uma análise mais completa, criteriosa e fria dos modelos disponíveis do que a que eu fui capaz de realizar.
O processo de decisão é extremamente difícil e estabelece-se um duelo entre o “prático” e o “legal”.O mercado está tomado por carrinhos com perfil funcional,ou seja, aparentemente completos, com preços honestos, fáceis de dobrar, que cabem em qualquer porta malas mas que geram aquela sensação profunda de que “isto não é para mim” (tenho que admitir que meu filho virou um pequeno coadjuvante neste momento – a rejeição é minha mesma). De repente coloquei na cabeça, que não quero empurrar ninguém em um carrinho sem charme, que se pareça com uma versão “gugudadá” de um Azera ou seja um “piccolo Cerato”…(Azera e Cerato são dignos representantes daqueles sedans coreanos que não tem nenhuma personalidade)…Não me interessa se funciona bem, se dobra assim ou assado, se não dá manutenção, se cabe no porta malas. O troço é muito sem graça e decidi que se fosse para ter um carrinho assim, era melhor definir o colo da mãe como meio de locomoção oficial do rebento (sei que esta não é uma opção real mas ao menos para fins literários, achei que caiu bem).
Eu decidi que queria um carrinho estiloso. Queria brincar de faz de conta. Afinal, como com o meu carrinho de bebê (meu filho virou coadjuvante de novo, tomei posse do pequeno veículo) eu não precisaria pagar seguro, IPVA e ele já viria na versão Flex (programada para o pai ou a mãe empurrarem), decidi que dava para gastar um pouco mais. Ninguém que compra uma Ferrari quer saber do tamanho do porta-malas, o feliz proprietário de um Jaguar não pergunta quantos Km/Litro o carro faz e tampouco espero que o dono de um Rolls Royce desligue o ar condicionado para economizar combustível. Decidi adotar esta linha menos humilde e tive o meu momento “ilha de Caras” no processo de compra do carrinho de bebê. Agora para trocar de carrinho porém, só com 100.000 Km rodados ou 5 anos de depreciação…